IVM no mundo
No decorrer da história, a inovação surge da necessidade de superar contradições que parecem inevitáveis. E se há algo que não falta em nossa época é contradição. O imperativo da metropolização se contrapõe à falência das grandes cidades em atrair seus habitantes. A necessidade de tornar o capital mais rentável, visível no sucesso de plataformas como Airbnb, se choca com a subutilização de escritórios e o esvaziamento dos shopping-centers. A necessidade de experiências compartilhadas e de espaços compartilhados não se dissolveu na sociabilidade do mundo digital e nem no distanciamento da periferia. O desejo pela igualdade territorial no acesso aos serviços públicos permanece forte, apesar da evidente dificuldade em satisfazer esse desejo nas formas atuais de organização. A pressão em deixar de lado o automóvel se choca com a ausência frequente de alternativas nas quais se possa acreditar e na falta de atividade em muitas áreas residenciais.
Respostas a essas questões estão emergindo com a ocupação mais fluida do tecido urbano: surgimento de comércios temporários, dos espaços de co-working, do uso dos prédios escolares por associações, entre outros. E se a consequência lógica disso for a substituição do imóvel pelo móvel, do uso de veículos para outra finalidade que não seja somente a de se deslocar de um lugar a outro? E se a resposta aos problemas da subocupação for a produção regular de densidades efêmeras? A evolução tecnológica sugere pensar nos veículos como ferramentas possíveis na criação de hiperlugares móveis, mas é preciso evitar qualquer forma de determinismo tecnológico. O caminho é estreito, os imóveis podem ser transformados, há percursos mais individuais, como as tele-atividades (atividades remotas), que competem com isso. E é porque o caminho é estreito que é preciso explorá-lo em profundidade.
Traduzido do texto original. Jean-Pierre Orfeuil é professor emérito da Université Paris-Est Créteil e integrante do Conselho Científico do IVM Internacional
