O sociólogo e urbanista François Ascher deixou um importante legado intelectual, principalmente com sua análise da sociedade hipermoderna. Como suas contribuições alimentaram a pesquisa e o debate público e como usá-las amanhã? Dessa maneira, acontece o evento “Rencontre François Ascher” no dia 19 de março de 2020, organizado por várias instituições: Plan Urbanisme Construction Architecture, Ministério de Transição Ecológica e Solidária, Ministério de Coesão Territorial e Relações com a Comunidade; Instituto para a cidade em movimento – Vedecom; Escola Nacional de Arquitetura de Clermont-Ferrand; Escola de Urbanismo de Paris.
Com relação à sociedade hipermoderna, Ascher faz colocações sobre as transformações de lugares físicos sob o efeito do desenvolvimento da tecnologia digital e das transformações da sociedade. Analisando os novos prinícpios de urbanismo, Ascher provoca com a proposta de relacionar a estrutura da cidade, a sociedade e as novidades da tecnologia da comunicação. Convida urbanistas, engenheiros e todos os que projetam a cidade a pensar na hiperconexão e em formas que permitam, a exemplo do espaço virtual, criar lugares, mesmo sem o suporte material. Frente a desmaterialização das atividades produtivas, por que não pensar na desmaterialização da própria urbe?
“Discutir a cidade hoje significa, necessariamente, discutir suas potenciais configurações diante da coprodução de energia e, sobretudo, a hiperconectividade. Estes dois elementos provocarão alterações significativas na configuração urbana, da morfologia e uso do solo às relações interpessoais. E, discutir todas estas questões significa, obrigatoriamente, aprofundar o conhecimento sobre o pensamento de Ascher, referência para entender este momento”
“François Ascher, economista e sociólogo, definiu a modernidade como um processo de transformação continua da sociedade. Essa condição processual caracteriza as sociedades contemporâneas, distintas de outras para as quais a mudança não é o fundamento.
Entendeu de maneira visionária que o avanço tecnológico e das infraestruturas e serviços pode transformar, juntamente com a mobilidade humana, os modos de deslocamento no espaço e as configurações da percepção social do tempo.
A co-presença de atividades fixas e móveis no espaço urbano, conforme Ascher, pode configurar hiperlugares, ou seja, lugares definidos como possibilidade de permanência e fluxo, que se transformam com a multiplicidade de usos, e cuja interface se multiplica por meio das tecnologias de informação e comunicação.
François Ascher se alinha à hipermodernidade, compreendendo o individuo em sua imersão metropolitana, o que faz coexistir as individualidades e múltiplas condições urbanas.”
“Nas últimas décadas, as intensas transformações da sociedade contemporânea, influenciadas pelas inovações tecnológicas e sociais, rebatem-se no modo de acesso e vivência do espaço das cidades. François Ascher, um dos fundadores do IVM, ainda na década de 1990 é precursor desta importante discussão, vislumbrando que as novas tecnologias de informação e de comunicação permitem uma mobilidade múltipla, interconectando as espaços “reais e virtuais”.
Para Ascher o uso das tecnologias permitem que as pessoas se desloquem de um ambiente social para outro, sequências de atividades se sobrepõem e se entrelaçam, laços sociais são formados, construídos, mas também se diluem rapidamente, livremente. Em seus estudos, Ascher demonstra que o espaço urbano se ressignifica à luz dos efeitos da tecnologia digital e das transformações recentes, ao mesmo tempo, acentuam-se as assimetrias socioespaciais. Este importante autor sempre defendeu o uso das novas tecnologias como instrumentos para cidades planejadas, equitativas e mais democráticas.”
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