Com o objetivo avaliar o impacto e de criar um guia de recomendações sobre os acessos aos corredores de ônibus, o IVM – Instituto Cidade em Movimento está desenvolvendo uma série de estudos sobre os percursos e acessibilidade à Av. M’Boi Mirim, no distrito do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo. A iniciativa é parte do programa PASSAGENS, lançado pelo IVM Internacional, para promover intervenções que facilitem a mobilidade dos pedestres aperfeiçoando as condições de uso destes espaços de ligação: as vielas, passarelas, escadas, cruzamentos.
Em pontos estratégicos deste distrito com cerca de 600 mil habitantes, alta taxa de vulnerabilidade e violência, e topografia irregular, o IVM implantou diferentes frentes de pesquisa e intervenção para estudos de mobilidade vertical (das escadarias), de mobilidade de jovens e crianças (caminho escolar), além de levantamentos exaustivos de dados de mobilidade na região.
A plataforma colaborativa Passagens Jardim Ângela – Olhe o Degrau permite aos moradores e usuários da área apontarem os problemas de mobilidade vertical (escadarias, rampas etc.).
PASSAGENS Jardim Ângela – nova abordagem para o BRT
A cidade de São Paulo está comprometida com um grande programa de desenvolvimento de novas linhas e extensões de BRT (sigla de Bus Rapid Transit – transporte rápido por ônibus). Os corredores de BRT, que são uma barreira física, mas ao mesmo tempo simbólica, devem ser vistos também como uma oportunidade para desenvolver novos espaços públicos que facilitem o movimento, e também acolham atividades sociais e econômicas. Deve haver uma articulação eficaz para melhorar a urbanidade vigente e inventar novos modelos de mobilidade urbana, no qual as estações deixem de ser apenas “estações”, para se tornarem verdadeiros pontos de encontro na cidade.
O programa desenvolvido pelo IVM – Instituto para a Cidade em Movimento, no Brasil e no resto do mundo, tem como objetivo estimular o debate entre especialistas, técnicos, políticos e cidadãos sobre os desafios da integração urbana das grandes redes, e busca de qualidade dos espaços públicos de mobilidade. Esta seria uma condição de sucesso destes grandes investimentos, a médio e longo prazo.
Em São Paulo, o desafio é maximizar a eficiência dessas áreas de cruzamento para transformá-las em espaço de urbanidade, em lugar de zonas francas.
Frentes do projeto
Mapeamento de passagens com consulta e participação de moradores por meio de acompanhamento de caminhos da vida diária e sua interação com a rede de transportes.
Olha o Degrau: Estudo, realizado pelo coletivo Cidade Ativa, de escadarias estratégicas com os objetivos de mapear as escadarias existentes na região; levantar dados qualitativos e quantitativos sobre estes espaços e sobre como são utilizados pela população; facilitar e incentivar a mobilidade a pé na região com a melhoria na qualidade de uma das escadarias mais utilizadas pela população; testar soluções de projeto e encorajar a transformação de outras escadarias por iniciativas do poder público e/ou da comunidade; promover diálogo e engajar a comunidade no processo de elaboração do projeto.
Caminho Escolar: Estudo realizado pela arquiteta e urbanista Irene Quintans sobre a relação território/mobilidade/escola. O Caminho Escolar, que integra casa e escola, atravessando o bairro, tem como objetivo incentivar autonomia do estudante no seu caminho, garantindo o direito das crianças e jovens à cidade. Este estudo tem como objetivos compreender as formas de deslocamento de estudantes no trajeto casa-escola-casa; traçar um perfil do comportamento do estudante e do professor pedestre e/ou ciclista, e incorporar a temática da mobilidade e direito à cidade como conteúdo ou estratégia de ensino.
Guia de Recomendações
Concluídos estes estudos e implantações, de 15 a 17 de novembro acontecerá o Seminário Internacional centrado na temática dos acessos aos corredores de ônibus. Tendo como base o caso do distrito do Jardim Ângela, especialistas do IVM Internacional, vindos da França, Espanha, Chile e Argentina, trabalharão em parceria com profissionais locais para discutir a dimensão do pedestre na instalação dos BRTs e produzir um conjunto de recomendações “Passagens e espaço público de mobilidade em torno do BRT”, tratando de formas e qualidade de acesso; integração com as escadarias e outras passagens, cruzamentos, informação, sinalização, qualidade do abrigo e plataformas etc. Uma parceria do IVM, SP Obras e a Universidade de Mackenzie.