Chamado para a inovação

Passagem negociada: inventar uma forma de governança na pequena escala da mobilidade

Em geral, a razão pela qual não são realizadas intervenções nas passagens, mesmo que sejam mudanças simples, rápidas ou não muito caras, é porque a governança não é clara. Nem sempre sabemos a que esfera pertence a passagem, quem tem o poder de decisão, quem pode financiar seu ordenamento ou quem está legitimado para dar sua opinião. Por outro lado, as passagens são espaços compartilhados pelos habitantes, pelos moradores imediatos, pelos pedestres. De que forma abordar as passagens como espaços democráticos, de colaboração?

 

Direito às passagens: questionar os modos de apropriação

As passagens estão, cada vez mais, reservadas aos moradores, habitantes, contribuintes, crianças, deficientes… Esta apropriação gera uma forma de pertencer que corre o risco de colocar em perigo o caráter público da passagem. É necessário então reconquistar estes espaços públicos da mobilidade?

 

Passagem evento

Como cruzamento entre dois lugares, duas atmosferas, a passagem é uma experiência urbana muito comum e que poderia ser dotada de uma identidade particular por meio de um movimento original, de uma intervenção artística, de uma iluminação insólita, da arrancada, espontânea ou não, de um ambiente urbano específico. Com a proposta de uma experiência sensorial e artística, uma hibridação de suas dimensões sociais, funcionais e sensíveis é que a passagem pode se transformar em travessia.

Passagem coabitada

A passagem como espaço de sociabilidade deve ser capaz de conciliar e também, às vezes, de pacificar diferentes usos: moradores, pessoas sem teto, pedestres, intrusos, comerciantes, grafiteiros, artistas…Por sua porosidade, as passagens permitem o encontro entre pessoas diversas e, por outro lado, que o visitante possa estabelecer contato com o morador local.

Passagem fabricada

Estes pequenos espaços são fabricados e evoluem ao longo do tempo. Como conciliar estas diferentes realidades, da informalidade ao institucional, a prontidão e a urgência, entre uma improvisação que perdura e o tempo prolongado do planejamento?

Passagem efêmera

Uma perspectiva contemporânea das passagens questiona também a capacidade de adaptação, a elasticidade e a sua versatilidade em função da hora do dia, do dia da semana, das estações, dos percursos cada vez mais individualizados.

Passagem inteligente: Passagem legível?

Podemos imaginar todo tipo de recurso tecnológico — existente ou futuro– a serviço dos pedestres: guias virtuais, aplicativos dedicados à mobilidade, sinalização individualizada, objetos conectados, pedágios inteligentes…

Quais são as inovações nesse campo? São apropriáveis por todos os cidadãos? Permitem a mobilidade dos corpos frágeis? Que deixam pressentir sobre as formas que virão?

Passagem aumentada

A passagem aparece com frequência como uma ferramenta técnica destinada a aumentar o conforto ou a velocidade. Como utilizar as novas tecnologias e os novos materiais para a criação de objetos de passagem? Passagens robôs, passagens móveis, passagens invisíveis… Independentemente do objeto, como aumentar o grau de «transitabilidade» em suas dimensões sociais, sensíveis e digitais? Como aumentar os recursos que uma passagem pode oferecer, por menor que seja?

Novas tipologias de passagens

Se as pontes e as passarelas que atravessam um vazio oferecem um panorama atraente em si, as passagens cegas (subterrâneas ou sem escapes laterais), por sua vez, concentram suas atividades e movimentação nos pontos de entrada e de saída. O segmento de passagem propriamente dito representa a figura de um túnel, um não-lugar superlotado que se quer percorrer o mais rápido possível. Tipologias inovadoras permitem repensar as passagens cegas abrindo perspectivas inesperadas e podem, muitas vezes, dar sentido a uma infraestrutura abandonada, à qual se outorga uma segunda vida graças a esta reinterpretação.

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