Ao redor do globo, cidades que priorizaram o seu desenvolvimento a partir do modelo de transporte individual motorizado tomam providências para tornar a cidade mais humana e segura. Enquanto a deconstrução e transformação do espaço viário é algo mais complexo e demorado, algumas medidas rápidas trazem efeitos diretos no dia-a-dia da população.
Em Seattle, o departamento de transportes – em consonância com a atual prefeita, Jenny Durkan traz o plano para reduzir a velocidade máxima de suas principais avenidas ao teto de 25 milhas por hora (aproximadamente 40 quilômetros horários). Algumas destas vias hoje tem a velocidade de 40 milhas por hora, quase o dobro do novo limite estipulado. A segurança é um dos motivos:
Seattle is reducing speeds because it has seen traffic deaths tick up. Twenty-five people have died on Seattle roads this year, the most since 2016 and nearly double last year’s rate. (WIRED, 2019)
Segundo artigo da WIRED, a razão é simples: a Organização Mundial de Saúde (OMS) sugeriu que a redução de velocidade em 5% traria um valor 30% menor em acidentes fatais.
No Brasil, a redução de velocidade teve uma grande repercussão nas vias da cidade de São Paulo. Ocorrida em 2015 como parte do Programa de Proteção à Vida, aconteceu em diversas avenidas e ruas e foi pauta polêmica nas marginais Pinheiros e Tietê. Em ambas, a pista expressa passou de 90 km/h para 70 km/h e a pista local, de 70 km/h para 50 km/h. A redução de acidentes teve números expressivos, o que corrobora a sugestão da OMS.
Juntas, as marginais apresentaram 608 acidentes no primeiro semestre de 2015; nos primeiros seis meses de 2016 foram 380, segundo a CET. Segundo a companhia, o número de atropelamentos caiu também, passando de 27 para 9 no mesmo período. (PORTAL G1)
Na contramão do que acontece ao redor do mundo, a cidade de São Paulo deu um passo para trás e aumentou novamente o limite de velocidade nas marginais no início de 2017. A redução do número de mortes por acidentes no período de velocidade reduzida não foi argumento suficiente para os gestores: entre 2015 e 2016, o número de acidentes fatais caiu 52% em comparação com o mesmo período de 2014 a 2015, conforme afirma a CET.
Iniciativas envolvendo redução da velocidade viária trouxeram bons resultados de segurança em cidades na Suiça, Dinamarca, EUA e Suécia; conforme afirma artigo do portal G1, estes estudos de casos foram bases importantes para o Programa de Proteção à Vida em 2015. Nesta discussão sobre a mobilidade, quem é o real beneficiado deste aumento de velocidade – e em qual escala de prioridade vem a vida humana?
Fontes:
https://www.conjur.com.br/2017-jan-24/prefeitura-sp-aumentar-velocidade-marginais-decide-tj