América Latina: atividades múltiplas e cada vez mais conectadas

A América Latina é um território de criatividade e inovação. As atividades móveis, em territórios extensos ou de baixa densidade, são comuns e são empregadas em diferentes setores, para o bem e algumas vezes para o mal. Por exemplo, no serviço público, em particular na educação pública, onde o conceito tradicional de horas e horas perdidas em salas de aula congeladas no tempo está mudando: o tempo sem vida gasto em se deslocar para essas salas, e delas de volta, está sendo transformado em tempo de aprendizado. As salas estão deixando as escolas. O acesso a instalações interativas vai se tornando mais democrático. De forma similar, mudanças profundas acontecem na esfera da saúde, com a possibilidade de acesso remoto em áreas onde tratamentos mais sofisticados e de melhor qualidade são quase inacessíveis, ou onde, simplesmente, não há hospitais ou postos de atendimento. Com o crescimento explosivo das tecnologias digitais, o comércio ajuda a transformar profundamente os tempos, os espaços, as microurbanidades.

Esta transformação se mostra por meio de duas tendências simultâneas: o desenvolvimento de trabalhos vinculados aos fluxos de informação e a circulação cada vez mais intensa dos bens de consumo. O espaço do trabalho também evolui: cada vez mais diverso e mutável, o escritório em sentido amplo (escritórios, ateliês, laboratórios etc.) cresce fora de seus muros – nos cafés, em espaços de circulação, em casa. Podemos carregá-lo conosco, no smartphone, no laptop. Amanhã, serão os próprios escritórios que se transformarão em algo móvel. Na agricultura, os tratores já não são tratores, mas centros de comando de alta tecnologia sobre rodas, orientados por algoritmos que permitem irrigar ou fertilizar o solo usando dados meteorológicos transmitidos por satélite.

O ESCRITÓRIO HIPERMÓVEL COMO ALTERNATIVA AO EMPREGO PRECÁRIO?

Depois de uma fase na qual os lugares de trabalho foram ficando cada vez mais impessoais, pode-se imaginar a volta da individualidade em “hiperescritórios” móveis que vão criar alternativas à visão distópica do mundo na qual as pessoas devem fornecer à sua empresa não somente seu trabalho, mas também suas ferramentas de trabalho, seu escritório, sua sala de reunião.

ANDRÉS BORTHAGARAY

Traduzido do texto original. Andrés Borthagaray é diretor do IVM América Latina.