Workshop Passagens Dia 1: Equipes visitam o Jardim Ângela

Este primeiro dia de workshop do Passagens Jardim Ângela foi marcado por uma visita intensa pelas passagens  do FundãoMenininhaBambuzal, contempladas pelo concurso. Participaram as seis equipes finalistas, os especialistas e tutores do IVM Internacional, além da arquiteta e urbanista Rosangela Verissimo da Costa Sartorelli, do engenheiro Pedro Luiz de Castro Algodoal e da Relações Públicas Katia Guerreiro, todos da Secretaria Municipal de Obras e Serviços da Prefeitura de São Paulo. Embaixo de muita chuva, foi possível ver de perto a realidade que os moradores enfrentam ao subir e descer escadarias ou trechos íngremes e escorregadios, sem nenhuma segurança e muito menos praticidade. a

“Olha só como está difícil para ela subir esta escada”, observa Letícia Leda, da equipe Passeia, Menininha!, enquanto observa uma moradora subindo a escadaria com seu filho no colo. A passagem da Menininha conecta a M’Boi Mirim – uma das vias com mais acidentes fatais de São Paulo – a importantes pontos no bairro, como as Unidades Básicas de Saúde. “Pretendemos grafitar esta parte da passagem para dar um pouco mais de vida ao local”, comenta Helton Silva, da associação Ciclo Social Arte, que acompanha o programa Passagens desde 2015, quanto começaram as pesquisas na região.

 

Trecho da Menininha, cheia de entulhos e lixo.
“Já foi bem pior”, contou um morador que passava pelo local. 

 

No Fundão, as equipes observaram as dificuldades de outra escadaria composta por degraus altos, ao lado de um ponto de ônibus, que ainda conecta creches e outras UBSs. Ainda compõe o cenário um córrego poluído a céu aberto.  “As mães ou crianças, quando precisam ir para a creche lá do outro lado, têm que descer esta escada e subir a outra. Imaginem como é difícil!”, comenta Genésio da Silva, líder comunitário, apontando para uma escadaria que mal parece ter fim.

O Bambuzal, a última passagem visitada, foi a que mais surpreendeu: seu primeiro trecho, muito íngreme e feito de barro, sem qualquer tipo de apoio, nem parece um caminho possível. Perigosa ao extremo, as equipes mal acreditavam que alguém pode passar por ali. “Isso não é uma passagem, é?” foi pergunta frequente entre os participantes. Outros trechos do Bambuzal, menos perigosos, mas de difícil mobilidade, também foram analisados pelas equipes, que precisam pensar em soluções possíveis e replicáveis para recuperar o sentido social das passagens e promover a mobilidade local para as pessoas.

 

Sim, este é o primeiro trecho da passagem do Bambuzal. Quem se atreve a passar? 

Conhecemos ainda o instituto Favela da Paz, que desde o início apoia a iniciativa do Passagens. Lá, conversamos com Claudio Miranda, fundador da organização, que nos mostrou o outro lado do bairro: aquele onde os moradores lutam pela sustentabilidade e pelo compartilhamento. Com mais de 20 projetos, um estúdio de gravação e o grupo Samba e Soul, a ONG ainda mantém a produção de biogás, de energia solar e de adubo orgânico. Todo o conhecimento é compartilhado em oficinas semanais para a comunidade ou moradores de outras regiões – em breve teremos uma matéria especial sobre a associação.

Amanhã, o dia será de trabalho em grupo e também da palestra aberta O desafio de unir as pessoas à cidade“. Participam os arquitetos e urbanistas Natalia Castaño Cardenas (Medellin), Pascal Amphoux (Nantes) e Carles Llop (Barcelona), com abertura realizada por Mireille Apel-Muller, diretora do IVM Internacional, e participação de André Goldman, da 11ª Bienal de Arquitetura de São Paulo.

Acompanhe mais notícias sobre o workshop internacional, que vai até dia 10, na nossa página e redes sociais (Facebook e Instagram).

 

(Crédito das Fotos: Divulgação IVM)