Plano de ‘tapetes urbanos’ vence concurso Tours e autoestrada A-10

A equipe francesa Micro-poros venceu, por unanimidade, o concurso para selecionar o melhor projeto de integração das áreas urbanas das cidades de Tours e Saint Pierre-Des-Corps, no centro da França, à autoestrada A-10.

O resultado do concurso, patrocinado pelo Instituto Cidade em Movimento (IVM), foi divulgado no dia 29 de junho, depois de uma série de workshops com os sete finalistas.

Os vencedores são os arquitetos e urbanistas Jordan Aucant, Stéphane Bonzani e Marc-Antoine Durand.

PASSAGENS

O concurso começou em janeiro e faz parte do projeto Passagens, do IVM. Reuniu 50 candidaturas, de 13 nacionalidades.

O tema foi: “Tours e Saint Pierre-Des-Corps: E se a Autoestrada A-10 Abrisse Passagens Urbanas?”

O desafio era revitalizar as áreas urbanas de Tours e da cidade vizinha de Saint Pierre-Des-Corps, cortadas pela A-10 (também chamada de L’Aquitaine).

As propostas, porém, não poderiam comprometer a funcionalidade da A-10, uma das mais importantes autoestradas da França, ligando Paris a Bordeaux.

Em Tours, os candidatos deveriam se concentrar no longo trecho em que a A-10 corre em paralelo com a Avenida George Pompidou, rasgando o centro da cidade até o Rio Loire.

 “TAPETES URBANOS”

A equipe vencedora propôs adotar um conjunto de “microporosidades” – que os autores chamaram de “tapetes urbanos” – nos pontos críticos de intersecção entre a A-10 e os locais de passagem de motoristas, pedestres e ciclistas.

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Arquibancadas nos taludes que separam as pistas elevadas da rodovia das áreas de circulação local

Esses “tapetes urbanos” têm a função de compatibilizar as “linhas de ruptura” – as áreas cortadas abruptamente não só pela A-10, mas também por ferrovias – com a “linhas habituais” (lignes d’usages), ou seja, os itinerários usados pela população local para se adaptar àquelas grandes estruturas de transporte.

Essa compatibilidade seria feita com a criação de vários espaços, de múltiplas finalidades, nos pontos de críticos de contato com a rodovia.

As “linhas de ruptura” se tornariam, assim, mais “porosas” e menos hostis à passagem das pessoas que circulam dentro das duas cidades.

Os autores propuseram criar “tapetes urbanos” em vários pontos ao longo da A-10: sob os viadutos que sustentam a rodovia, nos corredores que margeiam as pistas e nos taludes que as separam das vias de trânsito local.

Essas áreas podem ser quadras esportivas, locais de lazer para pedestres ou de descanso para ciclistas, espaços para pequenos shows, escadarias que podem ser usadas como arquibancadas, locais de estacionamento sob os viadutos, pontos de ônibus, jardins etc.

“A estratégia do projeto, longe de querer reinventar o sistema urbano, consiste em aportar microporosidades nos pontos-chave situados na intersecção entre as linhas de ruptura e as linhas habituais”, escreveram os autores.

Segundo eles, tais áreas exigem pouco investimento e podem aproveitar espaços já existentes e subutilizados.

O importante, disseram, é que os “tapetes urbanos” sejam “precisamente desenhados, duravelmente construídos e bem equipados”.

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Escadarias e áreas de circulação para pedestres, num nível imediatamente inferior ao da autopista

FINALISTAS

Os organizadores também concederam uma menção honrosa à equipe Point Zéro Plus, do escritório francês Georges e Associados.

Integrantes: Thibault Barbier, Adèle Sorge, Claire Aquilina, Gabrielle Richard e Laurent Barelier.

As demais equipes finalistas foram:

Desire Lines (França/Japão), formada por Atelier Gama, Mu Architecture e Yasuhiro Kaneda.

Turn Cuts Into Cores (Portugal), com Joana Barreto, Cristina Leal, Carmen Silva, Patrícia Baptista e Eduardo Gonçalves.

Ecran Total (França), com Thomas Bobrowski, Alice Hallynck e Flavien Kukwisz.

Infrasymbole (França), com Sébastien Gafari, Hélène Grialou, Frédéric Martinet e Thibault Salmon.

L’Echangeur (França/Reino Unido), com Stéphane Malek, Rowan Mackay e Arthur Poisson.

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Espaços vazios sob a autoestrada: pátios de estacionamento, quadras esportivas, locais de lazer ou de descanso

JURADOS

Frédéric Bonnet (França): arquiteto, diretor associado da empresa Obras Arquitetura, professor na Escola Nacional Superior de Arquitetura de Marne la Vallée.

Marc Bouron (França): diretor geral da Cofiroute (Vinci Autoroutes), representando André Broto, diretor de estratégia da Vinci Autoroutes.

Aglaëe  Degros (Holanda): arquiteta e professora de arquitetura,  cofundadora da Artgineering, escritório de urbanismo de Rotterdam.

Carles Llop (Espanha): arquiteto e urbanista, diretor do Departamento de Urbanismo e Planificação Urbana e Regional da Universidade Politécnica da Catalunha. Membro do comitê de especialistas do programa Passagens, do IVM.

Didier  Rebois  (França):  arquiteto,  secretário geral do concurso de arquitetura  Europan, professor da  Escola de Arquitetura  de  Paris-la-Villette. Foi comissário das exposições do IVM “Bouge  l’architecture! Villes et Mobilités” e “La Rue Est à Nous…Tous”.

ORGANIZAÇÃO

Patrocinado pelo IVM, o concurso foi organizado pela Communauté d’Agglomération Tours + (agência de desenvolvimento da região de Tours) e pela Vinci Autoroutes (administradora da A-10). A direção foi da Agência de Urbanismo de Tours.