Cidade Legível: ações do IVM na França, Argentina e Brasil

Na era da comunicação e tecnologia, como lemos a cidade? O cidadão tem o direito à informação, e esta deve ser lida a partir do desenho urbano. No entanto, nas últimas décadas a malha metropolitana das cidades cresceu em complexidade; um dos desafios é conciliar toda a informação que nos é dada e transformar em uma rede, potencializando esses estímulos. Quanto à mobilidade, o IVM traz a reflexão: como podemos dinamizar e fazer a cidade mais eficaz para o cidadão? Através da intermodalidade, iniciativas em associação com a população, adicionados a design e tecnologia, o Instituto traz algumas das experiências ao redor do mundo, sob o projeto Cidade Legível.

 

Cidade Legível é um projeto do IVM – Cidade em Movimento, que abrange estudos teóricos e outros aplicados na América Latina.

O IVM, com o seu projeto, visa articular a tecnologia, o design, os sistemas de informação com os espaços urbanos. 

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Cidade Legível em Buenos Aires: o motorista de ônibus conferindo o mapa informativo

 

   Horacio Aiello, diretor do Cidade Legível pelo IVM-Argentina, explica como foi aplicado o tema em  «Cidade Legível». A partir de pesquisas, todo o sistema de comunicação do BRT (metrobús) foi feito para a cidade de Buenos Aires. Estudando a leitura da cidade frente à mobilidade, pode se compreender que o movimento de viagem requer leitura da cidade que rodeia. Para nós, bípedes, e não sob vista de pássaros, mapas básicos não são dos mais compreensíveis. Nós compreendemos melhor a cidade por meio de referências visuais dos caminhos.

 

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IVM aplicou o projeto Cidade Legível no Metrobús de Buenos Aires: informações complementares

 

   Em cada um deles, uma velocidade – a pé, metrô, ônibus.. – e um tempo de leitura para compreender informações. O autor explica que toda viagem possui uma sequência: Origem-Aproximação do ponto de partida-Ponto de partida-Viagem-Chegada. Sendo assim, como articular serviços, instituições e centros próximos ao tempo de viagem? Cada informação é um estímulo que deve ser compreendido sob a visão!

   Juan Shakespear, do IVM-Argentina, defende que um caminho tenha estímulos que provoquem confiança nos usuários. Que possa ajudar as pessoas a encontrarem seus caminhos, com lógica, identidade e linguagem. Para um Plano Visual de Informação, Shakespear explica cinco critérios fundamentais: eficiência e funcionalidade, contexto, linguagem, estratégia e identidade.

Com esses fatores, o espaço pode se comunicar com o usuário de maneira clara, conectando-se à ele. Ressaltando a sociedade como um organismo complexo, o autor afirma a importância da interdisciplinaridade nos estudos da comunicação urbana.

 

OS EXEMPLOS APLICADOS DO IVM:

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Atlas des transports publics, em Paris: guia para deficientes visuais

 

Atlas do Transporte Público, Paris: nas estações de trem do bairro de la Villette, onde haviam matadouros e hoje está a Cidade das Ciências

Caminhos Escolares em Lima: sistema de caminhos, propostos por Pau Avellaneda e Juan Carlos Dextre, em associação com o prestador de transporte público, a PUC e a empresa 3M. Dentre as ações, sinais viários, como ação preventiva para reduzir números de acidentes.

Interior dos ônibus portenhos:  em Buenos Aires aconteceu a aplicação do Cidade Legível na linha 132 do Metrobús. A linha que recebeu o sistema de informação é emblemática no sistema de transporte metropolitano, uma vez que  une duas grandes estações terminais e atravessa pontos principais no bairro de Retiro e Flores.

 

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Os ônibus de Buenos Aires e o sistema de comunicação aplicado pelo Cidade Legível

ALÉM DO IVM – EXEMPLOS NO BRASIL

   A iniciativa «Mapa Daqui», criada por Lucas Neumann, designer,  traz a interação como um ponto forte. Inspirado por experiências em Londres que traziam mapas colaborativos, o designer criou uma plataforma que gera modelos de mapas sob um padrão de impressão que inclui direções e espaço para pontos notáveis.

   A ideia é que cada um baixe o PDF pelo site, cole ou fixe em algum lugar na rua, e que as colaborações venham por pessoas diversas, permitindo uma liberdade na apropriação. A iniciativa já conta com modelo Lambe-Lambe para impressão e está em desenvolvimento para o modelo placa em PVC.

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A ideia é algo colaborativo: cada um baixa o PDF, imprime o mapa e complementa com informações

   Pelas iniciativas que estudamos, podemos perceber que caminhar expande as noções de percepção, zeladoria, estimula a cidadania e em meio a esses fatores, a segurança é uma consequência desse ambiente vivo e habitado. A leitura da cidade, em associação com o transporte, permite a apropriação deles pelo público, sendo mais valorizados e bem cuidados pelos mesmos. Um bom uso, associado à boas repercussões, é uma cooperação muito bem vinda à cidade.