Ângela de Cara Limpa: empreendedorismo e sustentabilidade

A Associação Ângela de Cara Limpa é uma das organizações locais parcerias do concurso Passagens Jardim Ângela. Com o objetivo de promover a cidadania por meio do empreendedorismo social na área ambiental, a organização trabalha para fortalecer ações e projetos de sustentabilidade evitando que os moradores atravessem a cidade em busca do seu sustento.”Nós queremos mostrar para os moradores daqui que eles não precisam sair do bairro para realizar seus sonhos. Queremos lutar por projetos que promovam qualidade de vida”, explica Sulália de Souza, coordenadora da associação.

Sulália esteve com as equipes finalistas da segunda fase do concurso, no terceiro dia de workshop, e destacou a importância de propostas para as passagens que transformem estes espaços em áreas de vivência e de iniciativas ecológicas. Ela dá a dica: “eu adoro hortas urbanas e se tivéssemos uma nas passagens as pessoas poderiam usar, tanto se servindo quanto doando sementes. Esta troca e cuidado com a manutenção são importantes”.

Agroecologia com moradores do bairro.
Crédito: AHPCE e Associação Ângela de Cara Limpa

A organização funciona como uma plataforma de projetos e iniciativas socioambientais e, ao mesmo tempo, como incubadora que apoia a implantação e o fortalecimento de empreendimentos populares solidários que articulam educação ambiental, gestão de resíduos, reciclagem e agroecologia. A necessidade surgiu quando, em 1996, a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou o Capão Redondo e o Jardim Ângela os bairros mais perigosos do mundo. A Sociedade Santo Mártires, também parceira do Passagens, então mobilizou um processo de construção coletiva e em rede para o desenvolvimento da região.

Nesse contexto surgiu o Núcleo de Educação e Defesa Ambiental Ângela de Cara Limpa. “A mídia contribuiu para o preconceito que as pessoas tinham com a região. As  pessoas que vinham para cá, vinham com medo. Precisávamos inverter esta ‘chave’ e preparar o futuro do bairro para uma visão mais positiva”, comenta Sulália. Atualmente a associação desenvolve cinco projetos principais, gerando trabalho e renda para moradores da região:

  • Reciclângela: realiza coleta, seleção, triagem, prensagem e comercialização de resíduos sólidos urbanos chegando a 20 toneladas por mês;
  • Papel de Mulher: com a aquisição e a reciclagem do papel coletado pelo Reciclângela, o Papel de Mulher desenvolve artesanalmente produtos feitos com papel reciclado; as trabalhadoras envolvidas também oferecem oficinas de reciclagem artesanal de papel para escolas e empresas;
  • Tijolos Ecológicos:  com a reciclagem de entulho moído são produzidos e  comercializados tijolos de solo-cimento com tecnologia própria e maquinário desenvolvido localmente;
  • Agricultura urbana: cultivo de hortaliças, legumes e frutas que são comercializadas na região; além disso há um trabalho de construção de uma cultura de valorização da agroecologia, do respeito ao “tempo do solo” e do consumo de um produto sem agrotóxicos;
  • Colmeia – Utilizando papelão, o Colmeia desenvolve, produz e comercializa brinquedos, móveis, utensílios e outros produtos ecológicos.

Móveis criados pelo Colmeia. Foto: Érica Campanha